Terceiro dia: Campamento Italiano - Refúgio Las Torres
Havíamos
colocado os relógios para despertar, pois queríamos acordar cedo, desmontar
acampamento e partir com as cargueiras para chegar ao campamento las torres.
Assim, foi decepcionante acordar e ver que chovia.
Ficamos
mais uma hora na cama e decidimos tomar café para adiantar as coisas caso a
chuva parasse. A chuva amainou um pouco e juntamos tudo e partimos, mas somente
saímos as 12:00. Começamos bem, com rendimento razoável, e só fizemos uma
parada mais longa a beira do lado Nordenskjold, para descansar o corpo.
Seguimos em frente chegando ao campamento los Cuernos as 14:20. O problema era
que estava muito cedo para parar e tarde para seguir até o campamento las
torres e montar barraca. Apesar de termos gostado do los Cuernos (locais
reservados para barracas e banhos de água quente), queríamos seguir adiante.
Tive a idéia de dormirmos no refúgio torres, pois assim se chegássemos tarde
não teríamos de montar acampamento nem desmontá-lo na volta do passeio no dia
seguinte. Então combinamos que, se fosse possível reservar o refúgio las Torres
a partir do los Cuernos seguiríamos caminhando imediatamente para lá. Se não
fosse possível acamparíamos no los Cuernos (o refúgio e camping chileno haviam fechado no dia
anterior). Falamos com o atendente e ele
conseguiu a reserva, então seguimos com as cargueiras por mais cerca de 13km.

Este
trecho foi interminável, muito cansativo devido ao peso. A barraca amarrada sob
a mochila desestabilizava-a e deixava-a muito pesada. Chegamos (eu me
arrastando) as refúgio quase as 20:00, esgotado. Finalmente tomamos um banho,
após 3 dias. Procuramos lugar para cozinhar e só havia uma mesa do lado de fora
do refúgio, no frio, com vento e sem luz. A outra opção era seguir até o
camping, onde poderíamos cozinhar mais bem instalados, segundo nos disseram
(revoltante!). Não encontramos a lanterna e acabamos comendo uma porção e
tomando um vinho (muito barato) no próprio refúgio. Foi uma noite ótima para
recuperar as energias para o ultimo dia.
Preços:
·
Refugio las Torres: CH$23.000 (por pessoa)
·
Porção (boi, frango, salsicha, picles, tomate,
abacate, cebola) + molhos: CH$7.500
·
Vinho chileno: CH$6.000
·
Água: CH$500
OBS: O Refúgio fica cerca de 2km fora do circuito
W. Acrescente esta distância ao calcular o tempo e a pernada Cuernos / Las
Torres ou mirador Las Torres / refúgio Las Torres.
Quarto dia: Refúgio Las Torres - Mirador Las Torres - Puerto Natales
O
plano de dormir no refúgio deu certo e as 08:40, pouco depois do amanhecer,
saíamos para a trilha que leva ao mirador las Torres, ultima perna do circuito
W. Tomamos um café da manhã improvisado na trilha, logo após a ponte pênsil,
bebendo água do rio. Como não havia modo de fazer algo quente no refúgio,
apenas improvisamos algo por ali. O tempo estava feio e caía uma chuva fina,
dando a impressão de que não conseguiríamos ver as torres del paine no fim da
trilha. Continuamos o caminho por uma longa subida (esta trilha é a mais pesada
de todo o circuito W), quando finalmente passamos a descer em direção ao refugio
e camping chileno, sob ventos muito fortes e até mesmo perigosos. Neste trecho
os bastões foram bastante úteis, mas deve-se considerar também quantos levar.
Para mim, um único bastão é suficiente. Minha esposa gostou de usar dois, para
dar também equilíbrio.

Após
passar o refúgio chileno a trilha se torna mais suave por algum tempo, passando
por bosques, pontes e veios d’água. Após este trecho, a trilha se divide:
pode-se seguir ao campamento torres ou subir direto ao mirador, em um trecho
longo e bastante inclinado. Subimos, sob chuva e fortes ventos. A subida não
rende e demoramos bastante para alcançar o topo. Finalmente chegamos, sob um
frio congelante, e conseguimos ver as torres, apesar de enevoadas. Batemos
várias fotos, inclusive de outras pessoas (e eles de nós) e após vinte minutos
iniciamos a descida. Estávamos congelando.
O
trecho de ida foi feito em 03:40 desde o refúgio, então sabíamos que a volta
seria mais rápida. Imprimimos um bom ritmo, e fizemos apenas uma parada mais
longa para lanche. Pretendíamos pegar o transporte do refúgio para laguna
amarga as 16:00, sem ter de esperar o ultimo transporte do refugio, as 19:30.
Quando
chegávamos ao refugio as 16:00 em ponto, vi o transporte se aproximar e fiz
sinal. Pedi que nos esperassem por dois minutos para buscarmos as mochilas.
Eles esperaram e fomos para laguna amarga as 16:00 (preço do ônibus refugio –
laguna amarga: CH$2.500 por pessoa). Cerca de 15 minutos e já estávamos lá. Fui
até a recepção do parque e me disseram não haver mais ônibus a tarde para
Puerto Natales desde 01/04, agora somente as 08:00 da manhã. Por sorte, havia
uma van de excursão ali e fomos com eles pagando os mesmos CH$7.000 do ônibus.
O motorista nos avisou que nos deixaria em uma cafeteria ao lado da fronteira
(aduana chilena) e atravessaria ao outro lado para levar parte dos turistas que
seguiriam depois em outro veículo para El Calafate. Ficamos desconfiados mas
aceitamos, por falta de opção.
A
van partiu e lá estavam os guanacos, as dezenas, a beira da estrada. Desta vez
vimos também algumas emas (chamadas de ñandu por lá) passeando por ali. Uma
pena que não tenhamos encontrado estes animais durante nossos dias de trekking.
O único animal que podemos notar durante o W foi o que arrombou nosso lixo
durante a noite no campamento italiano.
Descemos
da van em um café junto a fronteira e ficamos esperando o retorno da van. Nós,
alguns poucos idosos e um chileno metido a bonitão, mas que além de feio demais
era o cara mais barango que já vi. O tempo foi passando e nada do sujeito
voltar com a van. E o pior, as cargueiras ficaram com ele (burrada minha),
tínhamos apenas as identidades, dinheiro e roupas de frio para uso imediato
conosco, em nossas bagagens de mão.
Finalmente,
após cerca de uma hora o sujeito reaparece em outro carro com nossas mochilas e
seguimos viagem, aliviados. Eles nos deixaram em frente ao hostel Patagônia
Adventure, na plaza de Puerto Natales. A agência desse pessoal era a Always
Glaciares.
De
volta ao albergue, registramos entrada e ficamos em uma habitação matrimonial
(com cama de casal), além de calefação por CH$20.000 (contra CH$16.000 das duas
camas em quarto compartido), devolvemos os bastões e compramos ali mesmo as
passagens para El Calafate na manhã seguinte. Gostamos desse hostel, tem boas
camas e oferece muitos serviços, permitindo economia de tempo de viagem.
Enquanto minha esposa tomava banho, devolvi a barraca na loja Teresa, que tem
ótimos preços e aceitou a CNH como garantia da barraca (não deixe a identidade
como garantia, pois precisará dela para se registrar nos refúgios e para entrar
no TDP). Eles nem mesmo olharam se a barraca estava ok, e cobraram somente as
noites, e não os dias. Detalhe: São bem mais baratos que a casa Cecília, recomendada
por vários mochileiros.
Tudo
resolvido, tomei um bom banho quente e saímos para comer um hambúrguer. Comemos
a apenas uma quadra de onde estávamos, na lanchonete Masay, uma hamburguesa
completa (e pedimos para incluir ovo, que não fazia parte do sanduba). O
sanduíche era enorme, com um pão diferente dos nossos, e no recheio, além dos
tradicionais carne, queijo, alface, tomate e presunto havia também abacate.
Muito bom.
Fomos
dormir felizes com a conclusão da etapa chilena da viagem. Deu tudo certo.
Preços
·
Transporte refúgio Las Torres / Laguna Amarga:
CH$2.500
·
Van TDP / Puerto Natales: CH$7.000
·
Barraca Doite Pro Teide 2: CH$14.000 (CH$3.500
por noite)
·
Bastões (2 pares): CH$20.000 (CH$2.000 a diária
do par)
·
Hostel Patagonia Adventure (quarto casal): CH$20.000
·
Ônibus Pacheco Puerto Natales / El Calafate:
CH$12.000
Preços
lanchonete Masay
·
Hamburguesa Completa (gigante): CH$5.150
·
Acréscimo Ovo: CH$600
·
Coca cola 290ml: CH$1.000
·
Suco: CH$1.000
Abraços
Thiago Rulius