terça-feira, 1 de maio de 2012

Torres del Paine - Circuito W - Parte 2

Terceiro dia: Campamento Italiano - Refúgio Las Torres


      Havíamos colocado os relógios para despertar, pois queríamos acordar cedo, desmontar acampamento e partir com as cargueiras para chegar ao campamento las torres. Assim, foi decepcionante acordar e ver que chovia.
      Ficamos mais uma hora na cama e decidimos tomar café para adiantar as coisas caso a chuva parasse. A chuva amainou um pouco e juntamos tudo e partimos, mas somente saímos as 12:00. Começamos bem, com rendimento razoável, e só fizemos uma parada mais longa a beira do lado Nordenskjold, para descansar o corpo. Seguimos em frente chegando ao campamento los Cuernos as 14:20. O problema era que estava muito cedo para parar e tarde para seguir até o campamento las torres e montar barraca. Apesar de termos gostado do los Cuernos (locais reservados para barracas e banhos de água quente), queríamos seguir adiante. Tive a idéia de dormirmos no refúgio torres, pois assim se chegássemos tarde não teríamos de montar acampamento nem desmontá-lo na volta do passeio no dia seguinte. Então combinamos que, se fosse possível reservar o refúgio las Torres a partir do los Cuernos seguiríamos caminhando imediatamente para lá. Se não fosse possível acamparíamos no los Cuernos (o refúgio e camping chileno haviam fechado no dia anterior). Falamos com o atendente e ele conseguiu a reserva, então seguimos com as cargueiras por mais cerca de 13km.


      Este trecho foi interminável, muito cansativo devido ao peso. A barraca amarrada sob a mochila desestabilizava-a e deixava-a muito pesada. Chegamos (eu me arrastando) as refúgio quase as 20:00, esgotado. Finalmente tomamos um banho, após 3 dias. Procuramos lugar para cozinhar e só havia uma mesa do lado de fora do refúgio, no frio, com vento e sem luz. A outra opção era seguir até o camping, onde poderíamos cozinhar mais bem instalados, segundo nos disseram (revoltante!). Não encontramos a lanterna e acabamos comendo uma porção e tomando um vinho (muito barato) no próprio refúgio. Foi uma noite ótima para recuperar as energias para o ultimo dia.

Preços:
·         Refugio las Torres: CH$23.000 (por pessoa)
·         Porção (boi, frango, salsicha, picles, tomate, abacate, cebola) + molhos: CH$7.500
·         Vinho chileno: CH$6.000
·         Água: CH$500

OBS: O Refúgio fica cerca de 2km fora do circuito W. Acrescente esta distância ao calcular o tempo e a pernada Cuernos / Las Torres ou mirador Las Torres / refúgio Las Torres.

Quarto dia: Refúgio Las Torres - Mirador Las Torres - Puerto Natales


      O plano de dormir no refúgio deu certo e as 08:40, pouco depois do amanhecer, saíamos para a trilha que leva ao mirador las Torres, ultima perna do circuito W. Tomamos um café da manhã improvisado na trilha, logo após a ponte pênsil, bebendo água do rio. Como não havia modo de fazer algo quente no refúgio, apenas improvisamos algo por ali. O tempo estava feio e caía uma chuva fina, dando a impressão de que não conseguiríamos ver as torres del paine no fim da trilha. Continuamos o caminho por uma longa subida (esta trilha é a mais pesada de todo o circuito W), quando finalmente passamos a descer em direção ao refugio e camping chileno, sob ventos muito fortes e até mesmo perigosos. Neste trecho os bastões foram bastante úteis, mas deve-se considerar também quantos levar. Para mim, um único bastão é suficiente. Minha esposa gostou de usar dois, para dar também equilíbrio.
      Após passar o refúgio chileno a trilha se torna mais suave por algum tempo, passando por bosques, pontes e veios d’água. Após este trecho, a trilha se divide: pode-se seguir ao campamento torres ou subir direto ao mirador, em um trecho longo e bastante inclinado. Subimos, sob chuva e fortes ventos. A subida não rende e demoramos bastante para alcançar o topo. Finalmente chegamos, sob um frio congelante, e conseguimos ver as torres, apesar de enevoadas. Batemos várias fotos, inclusive de outras pessoas (e eles de nós) e após vinte minutos iniciamos a descida. Estávamos congelando.
      O trecho de ida foi feito em 03:40 desde o refúgio, então sabíamos que a volta seria mais rápida. Imprimimos um bom ritmo, e fizemos apenas uma parada mais longa para lanche. Pretendíamos pegar o transporte do refúgio para laguna amarga as 16:00, sem ter de esperar o ultimo transporte do refugio, as 19:30.
      Quando chegávamos ao refugio as 16:00 em ponto, vi o transporte se aproximar e fiz sinal. Pedi que nos esperassem por dois minutos para buscarmos as mochilas. Eles esperaram e fomos para laguna amarga as 16:00 (preço do ônibus refugio – laguna amarga: CH$2.500 por pessoa). Cerca de 15 minutos e já estávamos lá. Fui até a recepção do parque e me disseram não haver mais ônibus a tarde para Puerto Natales desde 01/04, agora somente as 08:00 da manhã. Por sorte, havia uma van de excursão ali e fomos com eles pagando os mesmos CH$7.000 do ônibus. O motorista nos avisou que nos deixaria em uma cafeteria ao lado da fronteira (aduana chilena) e atravessaria ao outro lado para levar parte dos turistas que seguiriam depois em outro veículo para El Calafate. Ficamos desconfiados mas aceitamos, por falta de opção.
      A van partiu e lá estavam os guanacos, as dezenas, a beira da estrada. Desta vez vimos também algumas emas (chamadas de ñandu por lá) passeando por ali. Uma pena que não tenhamos encontrado estes animais durante nossos dias de trekking. O único animal que podemos notar durante o W foi o que arrombou nosso lixo durante a noite no campamento italiano.
      Descemos da van em um café junto a fronteira e ficamos esperando o retorno da van. Nós, alguns poucos idosos e um chileno metido a bonitão, mas que além de feio demais era o cara mais barango que já vi. O tempo foi passando e nada do sujeito voltar com a van. E o pior, as cargueiras ficaram com ele (burrada minha), tínhamos apenas as identidades, dinheiro e roupas de frio para uso imediato conosco, em nossas bagagens de mão.
      Finalmente, após cerca de uma hora o sujeito reaparece em outro carro com nossas mochilas e seguimos viagem, aliviados. Eles nos deixaram em frente ao hostel Patagônia Adventure, na plaza de Puerto Natales. A agência desse pessoal era a Always Glaciares.
      De volta ao albergue, registramos entrada e ficamos em uma habitação matrimonial (com cama de casal), além de calefação por CH$20.000 (contra CH$16.000 das duas camas em quarto compartido), devolvemos os bastões e compramos ali mesmo as passagens para El Calafate na manhã seguinte. Gostamos desse hostel, tem boas camas e oferece muitos serviços, permitindo economia de tempo de viagem. Enquanto minha esposa tomava banho, devolvi a barraca na loja Teresa, que tem ótimos preços e aceitou a CNH como garantia da barraca (não deixe a identidade como garantia, pois precisará dela para se registrar nos refúgios e para entrar no TDP). Eles nem mesmo olharam se a barraca estava ok, e cobraram somente as noites, e não os dias. Detalhe: São bem mais baratos que a casa Cecília, recomendada por vários mochileiros.
      Tudo resolvido, tomei um bom banho quente e saímos para comer um hambúrguer. Comemos a apenas uma quadra de onde estávamos, na lanchonete Masay, uma hamburguesa completa (e pedimos para incluir ovo, que não fazia parte do sanduba). O sanduíche era enorme, com um pão diferente dos nossos, e no recheio, além dos tradicionais carne, queijo, alface, tomate e presunto havia também abacate. Muito bom.
      Fomos dormir felizes com a conclusão da etapa chilena da viagem. Deu tudo certo.

Preços
·         Transporte refúgio Las Torres / Laguna Amarga: CH$2.500
·         Van TDP / Puerto Natales: CH$7.000
·         Barraca Doite Pro Teide 2: CH$14.000 (CH$3.500 por noite)
·         Bastões (2 pares): CH$20.000 (CH$2.000 a diária do par)
·         Hostel Patagonia Adventure (quarto casal): CH$20.000
·         Ônibus Pacheco Puerto Natales / El Calafate: CH$12.000
Preços lanchonete Masay
·         Hamburguesa Completa (gigante): CH$5.150
·         Acréscimo Ovo: CH$600
·         Coca cola 290ml: CH$1.000
·         Suco: CH$1.000

Abraços
Thiago Rulius

Nenhum comentário: