Olá pessoal!
Bom, estou aqui em Salta já, acabei me antecipando devido a situacao lamentável em Cordoba. Mas vamos do começo...
Tudo correu bem no aviao, aquelas conexoes todas, etc. Só nao aguentei aquelas barras de cereais o dia inteiro, cruz credo. Troço mais enjoativo!
Quando cheguei em Cordoba, as 02:30 da madruga mais ou menos, peguei um taxi para o centro. Sairia cerca de AR$30 até o albergue, mas ele estava com cara pessima, nem sei se existia, a unica referencia era a internet e desisti, fui para outro, indicado pelo meu guia. Estava lotado. Me indicaram outro, lotado. Rodei por mais dois ou tres lotados, e como o taximetro estava correndo, pedi ao motorista que deixasse na rodoviaria. Paguei a ele AR$50 e fui dormir em um banco lá dentro. Tinha policia lá dentro, mais algumas pessoas (a maioria nao era mal encarada). E ficou assim. Clima pra lá de deprê, e eu desanimado depois de várias horas de viagem, fedorento e com uma mochila pesada.
As cinco da manha acordei do meu sono de duas horas e comecei a perambular pela rodoviaria. Alguns guiches de passagem abertos e vitrines de lojas. Nao rolou o banheiro, que estava trancado.
Fiquei nesse impasse até umas 08:00, quando os guiches abriram. Fui pesquisando e consegui uma passagem para Salta as 11:00, mas nao gostei, queria sair mais cedo, mas estava impossivel, tudo vendido. Mau sinal.
A viagem levou 13 horas e foi bastante cansativa. Toda em pista simples, com retas de dezenas de kilometros, nao acabavam nunca. Tudo completamente plano, somente pastos, as vezes com um pouco de vegetacao nativa baixa. Varias pequenas fazendas criando principalmente cabras, as vezes carneiros e galinhas, e alguns porcos uma vez tb. Todos soltos a beira da estrada. Varios filmes velhos passando no onibus, que pelo menos, tinha um lanchinho incluso na passagem.
O onibus foi um capitulo a parte: de dois andares, bem estragado (a porta tinha um ¨reforço¨ daqueles de fita de colar caixa de geladeira). O cara que colocava a bagagem no onibus colocou a minha mochila, eu disse ¨Gracias¨ e fui saindo e ele me falou algo como ¨E la propina?¨. Fiquei olhando pra ele com aquela cara de ¨Vai se fuder¨, mas aí chegou outro cara, um argentino, deu uma mala e pagou a propina. Aí paguei também, deve ser costume por aqui.
Durante a viagem só posso dizer que o visual é muito diferente, nao mais bonito, mas diferente. As cidades pelo caminho muito desoladas, onde o onibus parava ficava aquele vento sem parar, muita poeira, um lugar meio triste. Me chamou a atençao uma cidade que o onibus parou, se chama Santiago del Estero, é capital de uma provincia daqui (estado). Por ser capital impressiona a pobreza do lugar. Só casebres, pessoas com caras muito sofridas. A rodoviária parecia um galpao do Ceasa, tudo muito improvisado e pobre. Quando o onibus parou varias pessoas vinham a porta do onibus vendendo doces, salgados, queijos. Uma senhora que vendia queijos me viu olhando, vi a esperança de uma venda em seu rosto, falou para mim, fiz sinal que nao queria, ele fez uma cara de boazinha mas muito triste. É uma visao totalmente diferente do nosso mundo mesmo...
Depois, ainda no onibus, jà bem tarde, umas 23:30, o onibus para num lugar, especie de garagem da companhia, o trocador grita para todos que forem para Salta trocarem de onibus. Muito estranho, mas fui para o outro, junto com um outro rapaz e uma vó com o neto, acho. Mais uns 50 minutos e chegamos a rodoviária de Salta, la linda, como dizem por aqui.
Fiquei desde umas 00:30 até as 03:00 procurando albergues, residenciais ou hoteis para dormir e nada, tudo lotado de novo. Nao estava acreditando. Passei em um barzinho antes de voltar a rodoviaria para mais uma pessima noite. Comprei uma Mirinda e fiquei de papo com o dono, chama-se Horacio. Quando viu que eu era de outro pais começamos a conversar. Expliquei minha situaçao e ele se propos de imediato a me ajudar. Me indicou a policia, disse que lá me indicariam algo, mas se nao resolvesse, para que eu voltasse e ele me ajudaria. Fui, nao adiantou e voltei. Entao ele me disse da hospedaria de um amigo, fui com ele por duas quadras e chegamos a um residencial meio escondido na peatonal florida (peatonal é uma rua de pedestres, em BH quarteirao fechado). Tinha uma vaga, fechei na hora feliz da vida, mesmo sendo uma bela espelunca. Passou uns vinte minutos chegou um cara procurando vaga e ouvi a moça da recepçao dizendo que nao tinha, escapei por muito pouco.
Depois disso me tranquilizei. Espero mais sorte nos proximos dias. E, assim como no Uruguai fui salvo no problema da carteira de identidade perdida, novamente alguem veio e me ajudou agora. Sao essas pessoas que fazem toda a diferença e valorizam a viagem.
Uma foto do meu lindo quarto abaixo.
Beijos e abraços
Thiago rulius.
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